Lições com as quais as crianças nos presenteiam todos os dias

Por Natalia Cardia

 Com o dia da criança venho propor uma reflexão, não sobre o seu filho ou sobre o presente que você deve (ou não) dar à ele, mas sobre tudo o que ele pode te proporcionar de aprendizado, sobre muitas lições com as quais eles nos presenteiam diariamente, se o seu olhar estiver atento e se você estiver disposto a aprender.


A primeira lição diz respeito a autenticidade: as crianças nos ensinam que está tudo bem dizer o realmente pensa e nos dão uma aula de como fazer desses momentos algo natural e orgânico, sem agressividade e sem jogos sociais. É sobre aquele dia que seu filho(a) olha para você e diz: “mamãe hoje você está muito descabelada, viu?” ; Eu tenho certeza que você não vai se sentir ofendida (porque sabe que está descabelada mesmo) risos.


E o que você ganha se topar receber a lição da autenticidade? Confiança! Tanto confiança para ser quem você realmente é e assumir suas percepções sobre o mundo, quanto confiança das pessoas, justamente por ser assim. Seguindo no exemplo que demos a pouco: Inicialmente você pode até estranhar seu filho te dizer que você está descabelada, mas com certeza vai acreditar nele quando ele disser que você está linda.
A Segunda lição que nossos pequenos nos dão diariamente de presente é sobre resiliência: Procurei no dicionário o significado deste termo e encontrei: “Resiliência: capacidade de se recuperar facilmente ou se adaptar à má sorte ou às mudanças.”


Poderíamos nos aprofundar muito mais neste conceito, mas mais uma vez deixemos que as crianças nos ensinem pelo seu exemplo: Leve seu filho a uma lugar “chato” e logo ele buscará uma maneira de criar uma brincadeira e se divertir enquanto estiver ali. Deixe-o em casa nos meses da pandemia e ele buscará a melhor maneira de passar por este momento: atazanará a família até que brinquem com ele, explorará todos os espaços da casa e por aí vai.


Importante observar que as crianças mesmo no isolamento, buscam a comunhão com os espaços e com as pessoas (talvez por não entender isso tenhamos “enlouquecido” um pouco com a incessante busca delas por nossa atenção neste período pandêmico).


Enfim, o que quero mostrar com estes exemplos é que, independente do contexto, nossas sábias crianças buscam adaptar-se e encontrar o que é melhor e mais leve em cada um deles e assim nos dão mais esta lição.


A última e mais bonita lição: elas realmente se importam! Nossos meninos e meninas enxergam vida e sentimento em tudo e por isso se conectam de uma forma muito diferenciada tanto com os ambientes, quanto com os animais e com as pessoas, e sempre (sempre mesmo), se comovem ao perceberem que há algum tipo de sofrimento genuíno.
Nunca vi uma criança passar desapercebida por um animal que chora ou um amigo que se machuca. E o mais interessante é que mesmo que elas não saibam como resolver sempre colocam a disposição do outro o melhor delas, ainda que seja um abraço e um carinho sincero ou o apoio para pedir ajuda.


Nós já fomos crianças e acredito que em algum lugar essa lições e aprendizados ainda seguem guardadinhas em cada um de nós, então que tal aproveitar o feriado do dia das crianças, embarcar em uma aventura junto com seu filho(a), sobrinho, vizinho, em busca deste presente mais que especial.

 

Que crianças também sentem raiva e que é natural se sentir assim?

Por Natalia Cardia

Tão importante quanto saber que a raiva é um sentimento experimentado inclusive na infância, é que vocês (pai e mãe) saibam como ajudar o seu filho a lidar com essa emoção.

Então, aí vão algumas possibilidades que nós aqui do Projeto Criando, com base em estudos desenvolvidos por especialistas da área do comportamento humano, consideramos assertivos:

  • Abrace a criança (se ela permitir): O abraço auxilia na liberação de um hormônio chamado oxitocina, que é conhecido como o hormônio do amor, e que por meio da sensação de bem estar que proporciona é capaz de minimizar o nível de angustia e raiva que estão sendo vividos;
  • Dialogue com sua filha (o) a respeito, contribuindo para que a criança aprenda a identificar o que esta sentindo: Para isso você pode representar em palavras a percepção que tem do contexto, de modo que ela sinta identificação e tranquilidade para compartilhar o que está havendo. Exemplos de como você pode começar este movimento de diálogo: “Percebo que você está sentindo raiva. O que aconteceu para que você se sentisse assim?” ou “Vejo que você sentiu raiva por seu amigo ter quebrado seu brinquedo. Quer conversar sobre isso?”.
  • Ouça com paciência e empatia: Deixe que a criança conte o que aconteceu, sem querer apressar o desfecho da narrativa. O simples fato de falar sobre oque está sentindo a ajuda a elaborar e compreender seus sentimentos e emoções, e consequentemente a começar a lidar com eles.
  • Lembre as regras e mantenha os limites estabelecidos: No exemplo do amigo que quebra o brinquedo por exemplo, você poderia orientar “olha, você tem todo o direito de sentir raiva, mas não pode bater no amigo por este motivo”.
  • Observe e vigie seu próprio comportamento: mas dos que suas palavras, suas atitudes são os maiores exemplos seguidos pela criança, então de nada adianta falar para ela se acalmar se suas atitudes e entonação de voz demonstram impaciência e inquietação.
  • E uma última orientação bastante importante é que esse acolhimento e esse diálogo aconteçam no ambiente mais tranquilo que vocês puderem proporcionar e na medida do possível, sem que haja olhares e intromissões de outros familiares/conhecidos. Caso contrário além de ter que lidar com o sentimento da raiva, que já não é nada agradável, a criança ainda terá que lidar com a exposição de ter que falar de sentimentos tão profundos em meio à diversas pessoas com as quais ela talvez nem se sinta a vontade, e pelo contrário, se sinta desrespeitada e invadida, o que pode ir na contramão deste momento de autoconhecimento e aprendizagem tão importantes.   

Respeitem o meu cocô!

Entendendo o que essa percepção significa para a criança e como nossa forma de lidar com o controle de esfíncteres pode inclusive contribuir para o desenvolvimento de transtornos futuros sem que saibamos

Como a infância é o começo de tudo, é possível compreender muitas dificuldades e transtornos observados na vida adulta, simplesmente voltando a esse momento do desenvolvimento. Nesse sentido ao falarmos da ação do adulto em relação ao cocô das crianças, é possível compreender inclusive porque algumas destas crianças, quando adultas desenvolvem TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), e o quanto nós pais, por vezes contribuímos para isso sem saber.


Segundo os estudos de Freud, a criança vive, aproximadamente entre dois e quatro anos, um período chamado de “fase anal”, em que estabelece uma relação de descoberta e exploração com a função de excreção, ou seja, é nesta fase que a criança passa a perceber que pode controlar seu xixi e cocô (controle de esfíncteres), e consequentemente neste período costumeiramente é feito o processo de desfralde.


Assim, neste período a criança passa a ver seu cocô no pinico ou mesmo na roupa com acontece algum “acidente de percurso” que é super natural nessa fase. Até aí tudo certo, não é mesmo?! O problema começa quando não compreendemos que o cocô é visto pela criança como sendo algo produzido por ela, e desse modo, quando hostilizamos sua produção dizendo coisas como “nossa, que cocô fedido”, “que nojo, fez cocô na calça”, ou quando mesmo sem verbalizar demostramos nojo ao limpar a criança, por meio dos nossos gestos ou expressões faciais, estamos (ainda que sem ter essa intenção) dizendo que o que ela faz não é bom, é sujo, nojento, e é essa mensagem, que ao ser assimilada pelo inconsciente da criança poderá ser o disparador para transtornos envolvendo limpeza por exemplo.


Para fazer as intervenções do jeito correto, basta entender que esse é um processo natural da vida e tratar esse momento como tal, agindo com serenidade quando a criança “fizer xixi ou cocô” na roupa e mostrando a ela, tanto com as palavras quanto as atitudes que está tudo bem e que isso faz parte deste momento de aprendizado.

Vale também parabenizá-la quando conseguir, valorizando seu empenho em aprender.

Pare! Se não você ficará sem brincar

“Pare senão você ficará sem brincar! ” Essa frase, comum em dinâmicas familiares entre crianças e responsáveis parece simples, mas nos permite uma extensa, complexa e necessária reflexão.


Se as nossas ações visam educar nossos filhos para que compreendam que vivemos em sociedade e que, portanto, há regras que necessitam ser conhecidas e respeitadas, cabe pensarmos no modo como aplicamos as “punições” ou “consequências” para quando esses combinados não são cumpridos.


Nesse sentido a primeira pergunta a fazer para si mesma (o) é: Que tipo de ser humano você está entregando para o mundo e ao mesmo tempo que tipo de mundo você está apresentando a esses seres humanos tão importantes que nos foram confiados como filhos? Se sua resposta estiver relacionada a formação de pessoas integras, autênticas, com caráter, responsabilidade e empatia nas relações, então é preciso pensar se a forma de tratá-los e as ações escolhidas para “educa-los” de fato reflete ou não esse propósito, afinal como seres sociais que somos, aprendemos pelo exemplo, o que equivale a dizer que cada ato seu seja consciente ou inconsciente está ensinando algo e deixando uma mensagem para os pequenos.

 

Assim se você quer educar para a integridade, autenticidade e empatia essa relação de barganha (faz o que eu mando ou perde algo que gosta e que é importante para você) pode não ser o melhor caminho a percorrer. Entendemos que filhos não vem com manual de instrução, mas como aqui no Criando pensamos ano a ano nas ações de cuidar e educar em prol da formação integral dos nossos meninos e meninas, pensamos em listar para vocês algumas possibilidades de intervenção que possam ser assertivas aos seus propósitos:

 

  • Entenda por que esta sentindo o que sente, quando a criança faz o que faz. Nem sempre ‘a criança me tira do sério’. Quase sempre, já não estamos tão cheios de paciência e estamos com problemas anteriores e quando a criança faz algo que as crianças costumam fazer, dizemos que elas ‘nos tiram do sério’, portanto, antes de fazer intervenção com a criança analise se a questão realmente diz respeito a elas ou a nossa condição emocional naquele momento.

 

  • Exponha de forma clara e objetiva de que forma aquela ação da criança prejudica ou é inviável para a situação. Elas estão em processo de aprendizagem e muitas vezes não compreendem de que modo suas ações influenciam os demais, por isso é tão importante que antes de mais nada lhes digamos o que suas ações estão provocando ou podem provocar. Além do mais até nós adultos temos muito mais facilidade de aceitar o não quando entendemos o porquê da negativa.

 

  • Explicado o porquê, esclareça que comportamento espera dela. . Se sabem o que esperamos delas terão uma referência e buscarão aprender a colaborar com a família, compreendendo qual a parte que lhes cabe em cada situação. Deste modo além do senso de responsabilidade individual ainda estaremos ajudando nossos filhos a se sentirem pertencentes ao núcleo familiar- na medida em que ao falar olhos nos olhos e lhes mostrar qual o papel dele você estará indicando que ele é importante, é visto e que suas ações são parte dos resultados alcançados pela família , gerando sentimento de pertencimento o que é muito importante para a construção de uma visão positiva de si mesmo. Se você já sabe que vai a um lugar que necessita de silêncio por exemplo, ao invés de ficar ordenando que a criança se cale, já antecipe essa condição a ela.

 

  • Para crianças pequenas, apenas deixe claro o que espera dela, com poucas palavras. Para crianças maiores, explique mais detalhadamente o que preciso dela e por que. Conversar com as crianças sempre traz excelentes resultados, especialmente porque possibilita que você tome decisões e escolha palavras melhores, já que não estará nervosa no momento da orientação ,assim, é possível estabelecer limites por meio do diálogo, com respeito mútuo!
    Se ameaço meu filho dizendo que “se ele não fizer o que quero, algo ruim vai acontecer a ele”, ensino a se comportar de acordo com os outros, para agradar aos outros, onde a autenticidade dele não tem lugar.

 

Mas se o mundo está precisando de pessoas cada vez mais autênticas, porque vou condicionar as crianças a agirem para agradar aos outros? Vamos fazer combinados do que é bom para cada um, vamos escutar e ensinar as crianças a nos escutarem também, com respeito.


Tratar as crianças bem, as faz nos tratar bem também. Muitas vezes meu filho fala de mau jeito, tenta me desrespeitar, e sempre digo a ele: “Eu não trato você mal, gostaria que você também me tratasse bem.”. E ele logo se refaz. Ensinar as crianças a se relacionarem com os outros, começa a ensina-los a se relacionarem conosco. Somos o primeiro estágio delas da relação com o mundo. É melhor que ensinemos habilidades para perceberem a si, aos outros e ao ambiente. A perceberem os limites de si mesmos, dos outros e dos espaços. A se expressarem de forma genuína e a respeitarem a si e aos outros.


Ameaçar, gritar, colocar de castigo, não ensina essas habilidades. A melhor hora de ensinar a se relacionarem com os outros, é quando achamos que elas estão ‘nos testando’ e estamos perdendo a paciência. Isso porque é justamente quando eles nos mostram que não aprenderam essas habilidades, que temos a chance de ensinar.


Outro aspecto importante é lembrar que na sociedade nossa ação tem consequências correlacionadas e que no ato de educar isso também deve ser considerado. Por exemplo: se meu filho desorganiza um ambiente mesmo depois de sido orientado, nada estarei ensinando ao gritar com ele e rotulá-lo indicando sua falha, mas será de muita valia se eu explicar que ele foi o responsável e, portanto, é ele quem tem responsabilidade pela reorganização. Provalvelmente seja necessário ficar próximo e ir indicando com calma e clareza o lugar onde cada coisa deverá ser guardada, mas não perca essa oportunidade por querer resolver logo a questão. Lembre-se de não fazer por ele aquilo que ele já tem condições de fazer por si mesmo.


Essa é a parte em que vemos que precisamos aprender sobre nossas próprias emoções, como mães e pais, como adultos, para podermos ensinar aos pequenos o que eles precisam aprender.

 

Educação consciente é isso! Um aprendizado gigantesco para toda a família!

O que as festas juninas representam para nós aqui no Criando...

Ainda observamos muita degradação da cultura popular brasileira nas Festas Juninas, em que os caipiras são vistos como ignorantes. Poucos explicam a origem das festas e a importância do cidadão campesino e resguardam, assim, sua dignidade.

Entretanto, o estudo da sociedade existente em São Paulo, desde os primórdios de sua história, mostra que o modo de viver caipira é considerado como a “forma mais antiga de civilização e cultura da classe rural brasileira, constituída desde os primeiros tempos da colonização”, como afirma Maria Isaura Pereira de Queiroz. Tanto que, até o final do século XVIII, os termos “paulista” e “caipira”, eram, na prática, equivalentes.

Paulo Freire nos presenteia com os dizeres: “Para que os homens simples sejam tidos como absolutamente ignorantes, é necessário que haja quem os considere assim. Estes como sujeitos desta definição, necessariamente a si mesmos se classificam como aqueles que sabem. Absolutizando a ignorância dos outros, na melhor das hipóteses relativizam a própria ignorância. Realizam deste modo, o que chamamos “alienação da ignorância”, segundo a qual esta se encontra sempre no outro, nunca em quem a aliena”.

É fato que a religiosidade se faz presente na “Cultura Popular” do nosso país. E, em se tratando da Cultura, temos sim o movimento de reconhecê-la e preservá-la, porém a religiosidade não se faz presente dentro da nossa abordagem educacional. A nossa abordagem é laica, ou seja, acreditamos que cada família é responsável pela escolha de uma educação religiosa ou não. A escola está para respeitar toda e qualquer escolha das famílias nesta abordagem.

Contudo, nós, do Criando, temos como intenção reconhecer e preservar as tradições antigas como forma de cultura popular, como as músicas, os arrasta-pés, a quadrilha, a fogueira, o mastro, o correio elegante, as comidas típicas, dentre outras, fazendo uma festa linda, em homenagem aos homens e mulheres rurais que tanto fizeram e ainda fazem pelo nosso país.

E este ano, ainda que tenhamos que nos adequar a circunstância do distanciamento social que a pandemia exige, seguimos firmes no proposito de que possamos comemorar coletivamente a colheita de tudo que desejarmos.

Teremos, dessa forma, uma festa com a sua própria organização artística e cultural com uma estética própria e autêntica, sem nos esquecer das novas tendências educacionais, como o multiculturalismo, a pluralidade cultural e o diálogo entre as culturas.

Então, como um primeiro movimento, convidamos a todos para um breve mergulho na história para que possamos compreender a origem cultural dessa comemoração, que apresentamos a seguir.

A comemoração é mais antiga do que parece, vinda da parte católica da Europa para o Brasil, no período da colonização pelos portugueses. A festa era em homenagem ao dia de São João, 24 de junho. Por isso, ela ainda era chamada de festa joanina, e posteriormente se tornou junina por acontecer no mês de junho. Mas a história de sua origem vem de tempos ainda mais remotos, em que se festejava a boa colheita e o solstício, em rituais celtas praticados pelos primeiros europeus. Assim, a Igreja Católica se apropriou deles e os cristianizou.

No Brasil, a festa junina ganhou força e identidade principalmente no nordeste. Lá, os ritmos típicos, como forró, xote e baião, foram incorporados a ela. O dia de São João não é o único a ser comemorado. Existem também os de Santo Antônio, o santo casamenteiro, e de São Pedro. Com isso, as festas duram praticamente o mês inteiro de junho. Além disso, elas também têm a função de agradecer as chuvas, que permitem a manutenção da agricultura após um longo período de seca.

Um dos detalhes que chama a atenção nas comemorações são os trajes típicos de Festa Junina, que são um exemplo claro da riqueza multicultural do Brasil. Na sequência vamos falar sobre eles, mas antes vale lembrar que como já explicamos, apesar da Festa de São João ser uma comemoração tão tipicamente brasileira que parece mesmo coisa da nossa terra, ela é original da Europa, e do mesmo modo a tradição do uso dos trajes vem de lá.

De acordo com os antropólogos Renato da Silva Queiroz, da USP, e Maria Amália Giffoni, a origem dos trajes típicos de Festa Junina deve muito à corte portuguesa do período colonial. Afinal, de modo geral, foram os aristocratas que trouxeram as quadrilhas para o Brasil. A quadrilha por sua vez, originada em Paris no século XVIII, esse tipo de dança era conhecido como “quadrille“. O estilo tinha origem na contradança que, por sua vez, surgiu com os ingleses.

Esse baile era muito dançado entre os camponeses da Normandia e da Inglaterra. E Já aqui, em solo tupiniquim, em terras brasileiras, os casais dançavam trocando de pares nos salões da nobreza. Para a festa, então usavam anáguas, roupas exageradas, perucas e tudo mais que a moda francesa mandava.

Na medida em que a quadrilha deixou de ser uma dança exclusiva dos salões dos palácios para invadir as festas populares, os trajes típicos adotados pela população se inspiravam nas roupas da nobreza. Desse modo, o costume era que mesmo os camponeses mais simples vestissem as suas melhores roupas para o festejo.

Nesse sentido, com anáguas volumosas ideais para dançar quadrilha, os vestidos femininos então ganhavam mais movimento, estrutura e volume. Do mesmo modo, o traje masculino composto por camisa, calça e colete se inspirava naquele da nobreza. Com o passar do tempo, foram surgindo diversas reinterpretações dos trajes típicos de Festa Junina. Ao final do século XIX, por exemplo, as damas dançavam quadrilha com vestidos pouco rodados e muito compridos, com gola alta e cintura bem marcada. Ele era então complementado com botinas de salto.

Por sua vez, os cavalheiros vestiam colete, paletó alongados até o joelho com três botões, calças ajustadas e camisa de colarinho duro. Além disso, como acessórios, gravata de laço e botinas. Bem diferente do que vemos hoje em dia, não é?

 Depois que as quadrilhas chegaram ao Brasil, a contradança foi estilizada. Além da capoeira dos escravos, o baile também recebeu influência e se misturou com elementos da polca e, posteriormente, do forró – afinal, a festa se tornou a queridinha do Nordeste. Assim, com o tempo, a Festa Junina se tornou mais do que nada uma grande festa popular. O termo caipira, que também passou a designar quem participava do baile, significa pessoa do interior ou da roça. Muito difundido em São Paulo, ele pode ser usado para se referir aos trajes típidos de Festa Junina, também chamados de trajes caipira.

Como a celebração se popularizou muito entre os camponeses, logo os sapatos de salto foram substituídos por sandálias simples de couro. Do mesmo modo, as pessoas então trocaram os tecidos caros pelas chitas. Além disso, o chapéu de palha se somou ao traje, sendo um item muito usado pelos trabalhadores do campo como proteção ao sol.

As mulheres então encurtaram os vestidos por conta do calor e da praticidade. Por sua vez, as calças masculinas eram remendadas por necessidade, ganhando, assim, uma cara nova. Afinal, a maior parte dos camponeses possuía poucas peças, tendo também que usá-las para trabalhar nas lavouras.

Como resultado, foi esse mix de criatividade e necessidade que deu origem aos trajes típicos de Festa Junina que vemos hoje em dia.

Acima de tudo, eles são cheios de cor e vida, como a própria comemoração!

Então, “bora” preparar os trajes e uma comidinha boa, porque da nossa parte a música e o clima de muita alegria estão mais que garantidos.

 

Para saber mais, acesse o site:

  • ufrgs.br/espmat/disciplinas/geotri/modulo3/problema_solsticio.htm
  • Qual a origem dos trajes típicos de Festa Junina? A Festa de de São João. (fashionbubbles.com)

 

Por Natalia Cardia

© Copyright 2017-2021 Criando | Edição e Revisão: Prof. Sérgio Ribeiro  sergioribeiro@gmail.com e Gabriela Hengles gabirh@gmail.com

Avenida João Bernardo Medeiros, 455 - Jardim Bom Clima, Guarulhos - SP | 011 2087-2691 logoleandropdesign

ua-7964181-31