O "cantinho do pensamento" é uma estratégia bastante comum utilizada por algumas famílias e escolas quando a criança "faz uma coisa errada". Funciona assim: seu filho quebrou algo, bateu, brigou... Vai para o "cantinho" pra refletir sobre o que aconteceu e mudar o comportamento.
E hoje nossa proposta é um convite para refletirmos juntos se realmente esta ação alcança esse objetivo, ou seja, se realmente possibilita pensamentos e reflexões capazes de contribuir com a mudança desejada no comportamento. Deixando claro que nosso intuito não é o de condenar essa prática, mas apresentar argumentos que te permitam avaliar por si mesmo.
Algo que é claro por aqui é que não podemos confundir respeito com liberdade total. É claro que é preciso ter regras e combinados, afinal na vida existem as regras e os limites.
O que queremos te alertar é que o "cantinho do pensamento" por si só não faz a criança pensar em uma maneira de melhorar o seu comportamento. Via de regra uma criança não consegue pensar sozinha de uma maneira crítica no seu próprio comportamento. Se mesmo para nós que somos adultos este é um movimento muitas vezes complexo, que demanda a contribuição de alguém de fora (seja um amigo, familiar ou terapeuta) imagine para a criança, que ainda está formando suas referências de certo e errado.
Cabe à nós, portanto, enquanto família e escola, contribuirmos para a composição dessas referências. Sendo assim, independentemente de você utilizar ou não essa estratégia do “cantinho do pensamento” lembre-se de se fazer presente nestes momentos de advertência, não impondo somente limites físicos, mas principalmente fornecendo por meio do diálogo elementos de orientação para a criança, mostrando-lhe o porquê daquele comportamento ser considerado inadequado ou não ser aceito, de modo que ela possa compreender de fato quais limites estão sendo estabelecidos.
Por Natalia Cardia em março de 2022